( Esta postagem é uma síntese do artigo de Henrique Justo)
Nossas ações estão em conformidade com nossa concepção de vida, de como vemos o homem e de como nos vemos como homens. Nessa imagem entram elementos filosóficos e psicológicos e como todos o educador também tem sua imagem do funcionamento e estrutura do homem, neste caso do aluno.
Para Ito (1971) segundo Justo “Todos os modos de proceder da nossa sociedade são determinados pelo ponto de vista que adotamos a respeito do homem [...] Em outras palavras: todas as estruturas humanas e suas funções atuam em função da teoria da pessoa.” (ITO, 1971 In Justo p. 95).
Sendo assim, a ação do professor a metodologia que usara em sala de aula, está diretamente ligada à sua percepção psicológica do aluno.
A visão de Carl Rogers baseia-se na filosofia de que existir supõe relações e de que cada um tem um modo peculiar de ser no mundo. Para ele, eis quatro princípios da educação ensino-aprendizagem:
- O ser humano possui natural possibilidade de aprender - As condições ambientais irão favorecer a tendência natural de toda criança em querer conhecer, explorar, conferir.
- A aprendizagem ocorre facilmente quando é significativa para o aluno – O educando se interessa por conhecer quando percebe que aquela aprendizagem tenha algum valor para ele.
- A maior parte das aprendizagens significativas são adquiridas através da prática – Como exemplo o autor cita o manejo com as tecnologias de comunicação como computador e celular, por parte das crianças e adolescentes.
- Quanto maior a participação espontânea do aluno na aprendizagem mais rápida e facilmente ocorre o processo de aquisição de novos conhecimentos – Dramatização, jogos, dança... são exemplos clássicos.
Para Rogers, a Educação deve oferecer aos alunos meios e oportunidades para se tornarem pessoas capazes de: decisões pessoais, responsabilidade, escolhas inteligentes, tornarem-se criticas, resolverem problemas utilizando-se de formas livres, criativas pertinentes às suas experiências, cooperarem com outros em diferentes atividades.
O autor identifica três qualidades abrangentes para que o professor possa ter sua ação pedagógica centrada no aluno.
Ter domínio de conteúdo e da situação escolar agindo com segurança de ser quem é. O professor deverá ser autêntico consigo mesmo para depois expor aos alunos seus limites, suas dificuldades, seus defeitos e qualidades. Para Rogers, esta transparência conquistará a confiança e respeito das crianças e adolescentes.
Ter apreço incondicional, isto é, tratar a todos com afeição indistintamente tendo carinho pelo estudante, pelo que ele representa, aceitando-o como pessoa real, com defeitos e qualidades.
Compreender de forma empática, possuindo uma capacidade de entender o aluno do seu ponto de vista, pondo-se mentalmente na perspectiva do educando em seus sentimentos em relação a situações favoráveis ou frustradoras.
Neste ponto vista, o papel do professor passa a ser diferente do que na didática tradicional. Em vez de apresentar seus conhecimentos aos alunos em aulas expositivas impostas por ele, o professor passa a posição de facilitador da aprendizagem dos educandos. E é nesta posição de facilitador, que demonstrará confiança nas potencialidades e capacidades do aluno ao que se refere o caminho por ele escolhido para sua própria aprendizagem.
Desta forma para Rogers, a sala de aula terá vida onde os alunos terão liberdade de expressão, curiosos em buscar por novas aprendizagens e sem a preocupação de uma avaliação, pois na aprendizagem centrada no aluno, ele é quem se torna gestor de seu próprio processo de busca do conhecimento.
Referências:
JUSTO, Henrique. Aprendizagem centrada no aluno In Psicologia e Educação. SARMENTO, Dirléia Fanfa (Org.) Canoas: Salles Editora, 2008.