Ser alfabetizado é muito mais do que dominar apenas os
rudimentos da leitura e escrita,
mesmo sendo capaz de ler e escrever todas as palavras. A pessoa alfabetizada é
aquela capaz de ler e escrever em diferentes situações sociais, de tal forma
que isso lhe permita inserir-se e participar ativamente de um mundo letrado,
enfrentando os desafios e demandas sociais. Para que isso aconteça, não basta
apenas o domínio dos conhecimentos relacionados à linguagem: é necessário
também um amplo domínio de outras disciplinas como a matemática, no qual os
números e o sistema de numeração decimal são fundamentais, mas não são os
únicos aspectos que devem ser abordados na escola.
Desta
mesma forma, a Alfabetização Matemática é entendida como um instrumento para a
leitura do mundo, uma perspectiva que supera a simples decodificação dos números
e a resolução das quatro operações básicas.
Nesta
perspectiva a
ação pedagógica desenvolvida em sala de aula:
·
precisa
contribuir para que as crianças compreendam a intenção dos textos que leem, no
contexto das práticas de leitura de sua vida cotidiana, dentro e fora da escola;
·
auxilie
as crianças a entenderem as diversas funções que a leitura e a escrita assumem
na vida social para que também possam usufruir dessas funções;
·
tenha
como papel, promover condições e oportunidades para que as crianças apreciem e
produzam textos que lhes permitam compreender e se relacionar melhor com o
mundo em que vivem e consigo mesmas nesse mundo
.Assim, entender a Alfabetização Matemática na perspectiva
do letramento impõe o constante diálogo com outras áreas do conhecimento e,
principalmente, com as práticas sociais, sejam elas do mundo da criança, como
os jogos e brincadeiras, sejam elas do mundo adulto e de perspectivas
diferenciadas, como aquelas das diversas comunidades que formam o campo
brasileiro.
Os alunos do ciclo de
alfabetização possuem entre 6e 8 anos de idade e, portanto, são crianças.
Embora pareça evidente, devemos nos lembrar que crianças pensam como crianças.
E, ainda que muitos falem o contrário, não desejamos que rapidamente pensem
como adultos; queremos sim, contribuir para ampliar suas possibilidades de
entendimento do mundo.
A história da matemática nos
mostra a importância dos dedos para contar, das mãos e dos pés para medir; por
que então na escola insistimos em proibir as crianças de usarem os dedos para
calcular? Sempre na ansiedade de fazer mais rápido e de uma maneira que julgam
“mais adulta”, alguns professores acabam dificultando e tornando mais árdua uma
aprendizagem que poderia ser prazerosa.
Pode-se observar a mesma
situação com relação à oralidade. As crianças chegam à escola falando e
compreendendo o português falado, devendo ser iniciadas na leitura e escrita.
Quanto à matemática, na pressa de que as crianças façam “contas escritas”,
muitas vezes esquece-se de trabalhar e valorizar a discussão e exposição oral
sobre procedimentos de resolução de problemas. as crianças também “falam e
compreendem” o que fazem mentalmente, inclusive coisas que envolvem operações
matemáticas. O importante não é resolver uma grande quantidade de problemas, mas
sim, tomar alguns problemas variados e discutir calmamente sobre as estratégias
que cada um utilizou na sua resolução.
Assim, ao valorizarmos o modo
de pensar de cada um, ao mesmo tempo em que todos aprendem com todos, pensando,
observando, relacionando, fazendo perguntas, dando vazão a suas curiosidades e
descobertas, estaremos promovendo uma aprendizagem efetivamente significativa.
Brasil. Secretaria de Educação Básica.
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade
Certa: Apresentação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2014
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