Falar
em Coordenação Pedagógica é também falar na Supervisão escolar, função que
precede à Coordenação Pedagógica. Criada na década de 70, com o objetivo inicial
de controlar e inspecionar as ações dos docentes, modificou-se com o passar dos
anos. Atualmente a função de supervisor
tornou-se mais complexa, tendo que este profissional tratar da orientação,
formação e acompanhamento do trabalho pedagógico de todos os docentes da escola.
Confundindo-se com o papel de Coordenador Pedagógico, que surgiu com o intuito
de trabalhar as ações pedagógicas dos professores e assim melhorar a
aprendizagem das crianças, nas escolas a figura do Supervisor/ Coordenador
Pedagógico, por não estar seu papel bem definido, executam tarefas
diversificadas no âmbito escolar.
Assim,
resta ao Coordenador junto aos professores, pouco tempo para desenvolver formações
e elaborar estratégias pedagógicas que atendam aos alunos, respeitando as
especificidades de cada turma.
Para
tanto, primeiro faz-se necessário que o Coordenador compreenda seu papel junto
aos docentes, e promova tal compreensão e conhecimento de suas reais funções na
escola como um todo. E não se detendo a realizar tarefas que não são de sua
função como Coordenador Pedagógico, poderá realizar as formações que são de
suma importância para que a educação seja efetivamente de qualidade.
As
formações com os professores deverão ser sistemáticas, não se esgotando somente
em um ano letivo e envolvendo a participação de todos. Para isto é preciso que conheça sua equipe de professores, bem como os alunos
e o contexto escolar como um todo,
aproprie-se das prioridades e realidade da sua escola. E, em seu
planejamento contemple ações que façam destes encontros momentos de reflexão
com certeza, sem deixá-los de ser prazerosos, envolvendo atividades que
estimulem em cada professor, o querer crescer como indivíduo e como
profissional, buscando respostas às questões de aprendizagem e atendendo as múltiplas
identidades que se apresentam no âmbito escolar.
Este perfil, o de um educador que busca por
respostas, que questione o que está posto e que crie soluções para as múltiplas
situações que envolvem a sua prática docente, é como afirma Corazza (2001, p.13),
um professor é um pesquisador, onde a própria ação
de ensinar é por si só um ato de pesquisa.
Contudo
na atualidade, com o avanço tecnológico, com a facilidade e quantidade de
informações e das múltiplas identidades que se apresentam na sala de aula, muitas
vezes o educador, ao não entender esta realidade, torna a sua ação de ensinar
distante do aprender. Por não compreender esta geração, que está mais ativa e
mais informada, independente da qualidade que tem esta informação, o professor
não consegue manter um diálogo com sua turma e tendo seu trabalho pouco
reconhecido, torna-se frustrado e desestimulado.
Por
não mais saber como e o que ensinar, tenderá a buscar por respostas prontas e
por métodos descontextualizados, e distantes da realidade de seus alunos
tornando a sua aula cada vez mais desestimulante, e como em um movimento
circular, o professor frustado continua com suas aulas descontextualizadas e
desinteressantes.
Desta forma, torna-se preponderante o papel do
Coordenador Pedagógico para modificar tal situação. Tendo como função principal
a de subsidiar este professor, o Coordenador precisa realizar reuniões
pedagógicas, para que nelas ele possa argumentar com o corpo docente a necessidade
de se compreender o contexto em que seus alunos estão inseridos, para que eles
possam planejar as suas ações em consonância com as reais necessidades dos
educandos.
Elaborar
formações com embasamento teórico, que levem a reflexão do papel do professor na contemporaneidade, reconhecer as
necessidades de sua equipe docente, elaborar atividades que favoreçam a
autoestima dos professores, fazer uma reflexão com o grupo de que toda a
mudança, apesar de necessária causa insegurança e de que é na coletividade, no
diálogo que existe e na interação que se
faz, que poderão com mais facilidade, constatar as necessidades alicerçadas no
real, bem como encontrar possíveis soluções para situações que perturbam toda a
equipe.
É
preciso que o corpo docente da escola se perceba uma equipe e como um só
conjunto, crie possibilidades que possam
orientá-los a exercer sua prática docente de forma mais significativa, tanto para
os alunos como para eles próprios.
Desta
forma, tanto os professores quanto o Coordenador Pedagógico, precisam se
perceber como um educador pesquisador, atuantes no contexto educacional, e não
mais passivos encontrar respostas para o
ato de educar, formulando atividades em seu planejamento que desenvolvam as
aprendizagens de todos, reconhecendo e
respeitando as diversidades de saberes.
É a
busca por um fazer diferente, por um olhar atento as possibilidades e
necessidades de sua equipe de professores, por evidenciar o diálogo como fio
condutor, por promover a interação entre todos os educadores evidenciando um
trabalho na coletividade e por compreender os diferentes ritmos e formas de se
aprender, que estas características subsidiarão as ações da Coordenação
Pedagógica.
Para
tanto, faz necessário que a concepção do educar e do aprender do Coordenador
venha ao encontro de uma prática emancipatória e democrática, para que ele
possa levar o professor a se perceber agente de mudança, concebendo uma
educação cujos conteúdos estão intrínsecos nas aprendizagens. Que este educador,
ao refletir sobre sua prática em sala de aula, possa promover em seus alunos a
autonomia, o querer conhecer e aprender, onde o diálogo e os questionamentos
permeiam todas as suas ações pedagógicas. Que ele também, possa inserir em seu planejamento não os
conteúdos fechados e programados desde o início do ano, mas projetos de estudos
que partam do interesse sendo planejados
e construídos pelos alunos.
Que
o Coordenador, ao realizar uma formação reflexiva e ativa com seus professores,
contribua com as ações que serão desenvolvidas em sala de aula, evidenciando no
processo educativo uma prática significativa para todos, alunos e professor.
Referências
CORAZZA, Sandra Mara A formação do professor-pesquisador e a criação pedagógica. Revista
da FUNDARTE. - ano.1, v. 1, n.1 (jan.-jun. 2001) -Montenegro : Fundação
Municipal de Artes de Montenegro, 2001
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