A educação é uma atividade humana, já que o homem é o único animal que ensina sistematicamente. Isto fez com que pudéssemos nos impor a outros seres vivos, e gerássemos uma cultura onde o conhecimento se perpetua através das gerações, estando ele em constantes mudanças. Desta forma vemos educação sob uma ótica mais ampla e de que esta não se dá somente no ambiente escolar, envolvendo a sociedade como um todo.
Ao falarmos em educação escolar, veremos poucas mudanças nas práticas educacionais, demonstrando haver uma dicotomia entre o conhecimento cotidiano e o escolar. Percebe-se uma estagnação da cultura realizada na escola em comparação àquela realizada fora dela.
A sociedade mudou, mas parece que a escola não acompanhou estas mudanças. A diversidade se faz presente na sala de aula e as diferenças não se apresentam somente na cor da pele, no status social ou nas várias culturas, mas também na forma destes alunos aprenderem, onde cada criança tem um ritmo próprio em como e o que aprender. Muitas vezes este ritmo pode fazê-la não acompanhar sua turma de colegas, pois as aprendizagens não ocorrem ao mesmo tempo para todos.
Uma situação que também coopera com a multiciplidade de saberes em sala de aula, é a presença de crianças e jovens com deficiência ou com dificuldades de aprendizagem no ensino regular. Leis, Resoluções e Pareceres, tanto nacionais quanto estaduais, reconhecem a diversidade e asseguram a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional destes alunos.
A flexibilização e adaptação curricular é um dos itens presentes nestes documentos legais. Nele, salienta que as práticas pedagógicas com aulas expositivas centradas no professor, devam ser substituídas por uma ação pedagógica que parta do aluno e de seus saberes. Saberes estes, que difere de aluno para aluno, conforme suas necessidades específicas. Para tanto, o professor deverá desenvolver um planejamento que contemple o ensino das crianças em suas distintas capacidades.
Carvalho em seu livro, Educação Inclusiva: Com os pingos nos “is” (2005) comenta que: “A diferença não é uma peculiaridade das pessoas com deficiências ou das superdotadas. Todos somos absolutamente diferentes uns dos outros e de nós mesmos, à medida que crescemos e nos desenvolvemos”. Sob este aspecto, as ações pedagógicas deveriam contemplar a todas as crianças, indistintamente, porém esta não é uma prática unânime entre os educadores brasileiros.
Historicamente no Brasil, os professores baseiam sua práxis em três modelos pedagógicos. Fernando Becker, em seu livro Educação e Construção do Conhecimento, o modelo empirista, no qual o sujeito é considerado uma tabula rasa, totalmente determinado pelos estímulos que o rodeiam, é o mais utilizado em sala de aula pelos educadores. Neste modelo, cabe ao professor o papel de transmitir conhecimento através da repetição de um conteúdo descontextualizado e, ao aluno, apenas executar ações que muitas vezes não lhes dizem respeito.
Este contínuo monólogo realizado pelo professor, já foi execrado por Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido. Quando o educando é olhado como um ser padronizado e capaz de “aprender” o conteúdo passado de forma hegemônica poderá ser levado ao insucesso escolar.
Um segundo modelo é o apriorista, no qual o ser humano quando nasce trás em sua bagagem hereditária tudo já pré-determinado. Para o sujeito, basta acontecer seu processo de maturação que os efeitos aparecerão. O tempo será o fator preponderante para que a aprendizagem ocorra. Sendo assim, em sala de aula o professor acredita que o aluno não precisa da sua mediação, pois ele já nasceu com o conhecimento. É só deixar o tempo passar que o mesmo aprenderá.
O educador ao fundar suas ações pedagógicas em um destes modelos, tenderá a ter como resultado de sua prática pedagógica, um baixo rendimento por parte dos alunos, e como consequência o aumento das probabilidades de repetência escolar. Este insucesso faz com muitos alunos acredite serem o maior responsável pelo fracasso e ao não conseguirem acompanhar a matéria, o que lhe restará fazer? Como dizem os professores: “incomodar”. A resposta pelo fato dele “não aprender” ou se mostrar indisciplinado e agressivo, sugere ao professor que esteja na criança ou no jovem.
Um terceiro modelo, o Construtivista, proposto por Piaget, concebe de que o conhecimento não está no sujeito quando o individuo nasce e nem no objeto (meio físico e social), e de que não está na cabeça do professor com relação ao aluno e nem na cabeça do aluno em relação ao professor.
Juan Delval, em seu livro “Aprender na vida e aprender na escola”, assinala que:
O construtivismo é uma posição epistemológica e psicológica e que não se trata de uma concepção educacional. Explica em como o indivíduo aprende fazendo com que o educador compreenda que as crianças podem entender de forma diferente de como tentamos ensiná-las. (p.79)
Acreditando que o pensamento se dará por um processo de interação entre o sujeito e o objeto, entre o individuo e a sociedade, entre o organismo e o meio, e de que é preciso construir o conhecimento e não recebê-lo já construído, os professores poderão conduzir suas ações em sala de aula de maneira a atender estas diferenças.
Nesse contexto educacional, faz-se necessário que a escola reconheça a igualdade de aprender como ponto de partida, e as diferenças no aprendizado como processo e ponto de chegada, onde a perspectiva do ensino deva ser aberto às diferenças. E, as avaliações deverão contemplar todo o processo de aprendizagem no decorrer do ano letivo e não somente nos conteúdos trabalhados em sala de aula.
Precisamos pensar uma educação que parta da realidade de cada grupo levando em conta todos os elementos da aprendizagem. De que esteja fundada no respeito ao saber e à cultura dos educandos. Que favoreça um ambiente no qual o aluno sinta-se motivado a questionar, a experimentar e a criar hipóteses; com educadores que promovam o avanço e a expansão do desenvolvimento intelectual e sócio-emocional de todos, indistintamente.
Bibliografia utilizada:
BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 3ª ed., 2005.
DELVAL, Juan. Crescer e Pensar: A construção do Conhecimento na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2002.
_______. Aprender na Vida e aprender na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Ao falarmos em educação escolar, veremos poucas mudanças nas práticas educacionais, demonstrando haver uma dicotomia entre o conhecimento cotidiano e o escolar. Percebe-se uma estagnação da cultura realizada na escola em comparação àquela realizada fora dela.
A sociedade mudou, mas parece que a escola não acompanhou estas mudanças. A diversidade se faz presente na sala de aula e as diferenças não se apresentam somente na cor da pele, no status social ou nas várias culturas, mas também na forma destes alunos aprenderem, onde cada criança tem um ritmo próprio em como e o que aprender. Muitas vezes este ritmo pode fazê-la não acompanhar sua turma de colegas, pois as aprendizagens não ocorrem ao mesmo tempo para todos.
Uma situação que também coopera com a multiciplidade de saberes em sala de aula, é a presença de crianças e jovens com deficiência ou com dificuldades de aprendizagem no ensino regular. Leis, Resoluções e Pareceres, tanto nacionais quanto estaduais, reconhecem a diversidade e asseguram a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional destes alunos.
A flexibilização e adaptação curricular é um dos itens presentes nestes documentos legais. Nele, salienta que as práticas pedagógicas com aulas expositivas centradas no professor, devam ser substituídas por uma ação pedagógica que parta do aluno e de seus saberes. Saberes estes, que difere de aluno para aluno, conforme suas necessidades específicas. Para tanto, o professor deverá desenvolver um planejamento que contemple o ensino das crianças em suas distintas capacidades.
Carvalho em seu livro, Educação Inclusiva: Com os pingos nos “is” (2005) comenta que: “A diferença não é uma peculiaridade das pessoas com deficiências ou das superdotadas. Todos somos absolutamente diferentes uns dos outros e de nós mesmos, à medida que crescemos e nos desenvolvemos”. Sob este aspecto, as ações pedagógicas deveriam contemplar a todas as crianças, indistintamente, porém esta não é uma prática unânime entre os educadores brasileiros.
Historicamente no Brasil, os professores baseiam sua práxis em três modelos pedagógicos. Fernando Becker, em seu livro Educação e Construção do Conhecimento, o modelo empirista, no qual o sujeito é considerado uma tabula rasa, totalmente determinado pelos estímulos que o rodeiam, é o mais utilizado em sala de aula pelos educadores. Neste modelo, cabe ao professor o papel de transmitir conhecimento através da repetição de um conteúdo descontextualizado e, ao aluno, apenas executar ações que muitas vezes não lhes dizem respeito.
Este contínuo monólogo realizado pelo professor, já foi execrado por Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido. Quando o educando é olhado como um ser padronizado e capaz de “aprender” o conteúdo passado de forma hegemônica poderá ser levado ao insucesso escolar.
Um segundo modelo é o apriorista, no qual o ser humano quando nasce trás em sua bagagem hereditária tudo já pré-determinado. Para o sujeito, basta acontecer seu processo de maturação que os efeitos aparecerão. O tempo será o fator preponderante para que a aprendizagem ocorra. Sendo assim, em sala de aula o professor acredita que o aluno não precisa da sua mediação, pois ele já nasceu com o conhecimento. É só deixar o tempo passar que o mesmo aprenderá.
O educador ao fundar suas ações pedagógicas em um destes modelos, tenderá a ter como resultado de sua prática pedagógica, um baixo rendimento por parte dos alunos, e como consequência o aumento das probabilidades de repetência escolar. Este insucesso faz com muitos alunos acredite serem o maior responsável pelo fracasso e ao não conseguirem acompanhar a matéria, o que lhe restará fazer? Como dizem os professores: “incomodar”. A resposta pelo fato dele “não aprender” ou se mostrar indisciplinado e agressivo, sugere ao professor que esteja na criança ou no jovem.
Um terceiro modelo, o Construtivista, proposto por Piaget, concebe de que o conhecimento não está no sujeito quando o individuo nasce e nem no objeto (meio físico e social), e de que não está na cabeça do professor com relação ao aluno e nem na cabeça do aluno em relação ao professor.
Juan Delval, em seu livro “Aprender na vida e aprender na escola”, assinala que:
O construtivismo é uma posição epistemológica e psicológica e que não se trata de uma concepção educacional. Explica em como o indivíduo aprende fazendo com que o educador compreenda que as crianças podem entender de forma diferente de como tentamos ensiná-las. (p.79)
Acreditando que o pensamento se dará por um processo de interação entre o sujeito e o objeto, entre o individuo e a sociedade, entre o organismo e o meio, e de que é preciso construir o conhecimento e não recebê-lo já construído, os professores poderão conduzir suas ações em sala de aula de maneira a atender estas diferenças.
Nesse contexto educacional, faz-se necessário que a escola reconheça a igualdade de aprender como ponto de partida, e as diferenças no aprendizado como processo e ponto de chegada, onde a perspectiva do ensino deva ser aberto às diferenças. E, as avaliações deverão contemplar todo o processo de aprendizagem no decorrer do ano letivo e não somente nos conteúdos trabalhados em sala de aula.
Precisamos pensar uma educação que parta da realidade de cada grupo levando em conta todos os elementos da aprendizagem. De que esteja fundada no respeito ao saber e à cultura dos educandos. Que favoreça um ambiente no qual o aluno sinta-se motivado a questionar, a experimentar e a criar hipóteses; com educadores que promovam o avanço e a expansão do desenvolvimento intelectual e sócio-emocional de todos, indistintamente.
Bibliografia utilizada:
BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 3ª ed., 2005.
DELVAL, Juan. Crescer e Pensar: A construção do Conhecimento na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2002.
_______. Aprender na Vida e aprender na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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