Como uma prática social, junto ao conhecimento científico, a arte e a vida cotidiana, a educação envolve conhecimentos e afetos; saberes e valores; cuidados e atenção, seriedade e risos. Cabe, portanto, às instituições escolares assegurarem a construção do conhecimento por todos, criando possibilidades de fazer valer a experiência de pessoas livres e responsáveis.
A prática pedagógica sendo concebida como uma ação social e políticas, teremos assim definido como objetivo da escola a formação da cidadania. Porém, ao oferecer simples instrução, doutrina, conhecimentos e habilidades que nem sempre significa condições de opção, nega seu objetivo.
A educação é um fenômeno anterior e maior do que a escola, antecedendo à ciência que fornece os conteúdos das disciplinas ministradas. Na antiguidade os gregos acreditavam que através dela, por um processo de aperfeiçoamento do corpo e espírito, o educando tornava-se melhor, o mais capaz e o mais virtuoso. O mundo era visto a partir da observação e acompanhamento da natureza de onde obtinham as respostas e o homem, como um ser pronto, onde os eventos que ocorriam após o nascimento não eram importantes para o desenvolvimento.
Com a revolução científica, o mudo precisava ser visto de outra maneira. Crenças anteriores não poderiam prevalecer, havendo então, uma ruptura nos paradigmas da época. O conhecimento viria do uso da razão, o que dava lugar ao "Eu" pensante. Do microcosmo ao macrocosmo, o sujeito passa a ser o centro, capaz de conhecer o real com base numa razão subjetiva, racional, constituindo uma nova concepção de conhecimento.
Ao longo da história humana, os conceitos, as crenças, os paradigmas de cada época, ao serem questionados, sofreram mudanças, gerando novos conceitos e novos paradigmas. Estes olhares diferentes de ver o homem no mundo refletiram também na maneira de conceber a educação.
Definindo-se como uma maneira de compreender, interpretar e transformar o mundo, a educação não pode ser vista como sendo exclusivamente nela a única maneira deste conhecimento ocorrer, já que a própria existência da pessoa, a sua maneira de agir, pensar, resolver, criar hipóteses e analisar, também constituem um aprendizado. Esta “forma de educação” também se dá fora do ambiente escolar, cabendo a escola respeitar esse processo de produção cultural direcionando a prática educativa a partir da realidade e do projeto de sociedade de cada grupo.
Para o filósofo, Michel de Montaigne (1533/1592), as crianças deveriam ser colocadas desde cedo em contato com a realidade, recebendo uma instrução não por palavras, mas pela ação onde “o saber não lhes encheriam apenas a alma, mas a ela se incorporando, tornando-se compleição e hábito; e que não fosse uma aquisição, mas uma propriedade natural.”
Platão foi um dos que mais sistematizou a educação, tendo como elemento básico a possibilidade de ensinar ética e moral ao homem, questionando o modo de formar o caráter de alguém. Pregava ser a cidade uma grande família, dando início a cisão da realidade, separando o mundo inteligível das idéias, imutáveis, objetivas, funcionando como normas; do mundo sensível das coisas transitórias, mutáveis e finitas.
Aristóteles acreditava que os homens tinham o desejo de conhecer. Para ele, o ser humano era um animal político comunitário, onde os indivíduos e as famílias não estavam separados da totalidade. Tomás de Aquino concebia que através da educação o homem atingia o espiritual; Rousseau, o aperfeiçoamento da natureza humana; e Kant um meio para o homem atingir seu fim como pessoa.
Tendo como primeira função o educar e não apenas o ensinar, a escola em outros termos, deveria não apenas possibilitar a informação, mas também a formação. No Artigo 205 da Constituição brasileira, a escola deve promover o pleno desenvolvimento da pessoa e da “capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores” (LDB artigo 32 inciso III).
Como um princípio metodológico que fundamentalmente afirma o reconhecimento do outro, o confronto através do diálogo e da troca de argumentos; a ética na educação ao ser incorporada ás práticas educacionais expressará a intenção de incentivar a construção de uma escola que efetivamente atenda à realidade social.
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